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13/05/2017

Sobre TDAH e suas dores....

Não. Você não sabe como é.
Eu sei que você também esquece as coisas. Que às vezes coloca sal demais, ou esquece se já colocou fermento ou não no bolo, mas você "não tem um pouco disso". Você não sofre por isso. Quando acontece com você, voce fica bravo, ou triste, ou quem sabe até ri da situação depois não é?? Afinal, são fatos tão isolados que você não tem tempo de sofrer por isso.
Eu sofro.
Sofro, e dói bastante, sabe?
Imagine o seu cérebro tendo que trabalhar na velocidade máxima, todo dia, toda hora, para que tudo saia da maneira que deve ser. E não sai. Você se esforça, mas não sai. Você coloca todas as suas forças naquilo. Você acorda pensando que o dia vai ser diferente e que dessa vez nada vai dar errado; que você vai conseguir ter um dia inteiro sem um erro crasso. 
Mas não consegue.

Eu sei, você acha que talvez tenha "um pouco disso, porque também sou assim". Você não tem um pouco disso. Por que você não chega pra um paciente com câncer e diz: "eu acho que tenho um pouco de câncer no intestino, porque às vezes sinto dores na região abdominal"???
Porque você não tem um pouco disso. Você terá "isso", se passar diariamente por situações que te causam sofrimento, e que você precise procurar um médico porque sabe que algo não está certo.
Quando você tem "um pouco disso", você sabe que não é normal; você sente que não é normal. As pessoas são cruéis com você, a ponto de te mostrar que tem algum problema aí.

Tá certo, você diz que "todo mundo é assim, que todo mundo esquece ou confunde coisas". É verdade. Mas quando você é "normal", você sabe que vai passar. Você sabe, não sabe? que foi uma situação isolada. E nada que te cause um prejuízo tão grande. Eu não. Eu sei que isso vai ser para o resto da minha vida. Toda. A. Minha. Vida. Vou ser assim por mais 30, quarenta, cinquenta anos. Sou uma mãe que não consegue tomar conta das coisas básicas da vida dos filhos. Serei uma avó que não vai conseguir participar da vida dos netos. Vou ser uma velhinha que esquece os próprios remédios, os filmes que já viu, o pagamento da cuidadora de idosos, a senha do cartão da aposentadoria...

Tá bom, você também sofre algumas vezes. Você tem dificuldades com números, datas importantes....
Mas eu esqueço o remédio dos meus filhos; de levá-los ao médico; do retorno ao dentista. Eu coloco a saúde das pessoas mais importantes da minha vida em risco. Você faz isso também? 

Você acha que é um transtorno inventado e que eu ficaria bem melhor sem tantos remédios? Eu também acho. Eu odeio meus remédios. Odeio. Não só a química deles, mas a falta de apetite, a falta de libido, as dores nas articulações, as dores terríveis de cabeça e todos os outros efeitos colaterais. É claro que já parei de tomá-los. E voltei. E parei de novo. E voltei. E parei de novo...... e agora, e todos os dias, eu tomo, mecanicamente, porque quero ser alguém mais próximo do "normal" possível. Quero ser alguém em quem você possa confiar quando eu falo alguma informação sobre qualquer assunto. Quero ser alguém que paga as contas em dia. Quero ser alguém que cumpre os compromissos dos filhos, porque não esquece a data e o local. Que cumpre seus próprios compromissos. Que não chega mais cedo porque olhou a hora errada no convite. Que não chega mais tarde, quando a festa está acabando, porque se enganou no horário....

Meus dias são muito difíceis. Os seus também? Eu sei que são. Ah, o dia que você esquece o celular e tem que voltar, ou vai no mercado e esquece de comprar alguma coisa....pois é...é difícil.... mas a minha vida não se resume a isso, sabia? Pense na sua vida difícil, com o dobro de dificuldade. Nivel Hard, no caso. Porque tudo que você faz, eu preciso fazer mil vezes. Conferir. Checar se está certo. Mil vezes. Pra depois descobrir que não está. Que todo o esforço que eu fiz foi no dia errado. No trabalho errado. No tempo errado. No documento enganado.

Você consegue contar até dez? VocÊ consegue!! É simples! 
Eu não consigo! Enquanto eu tento contar, a "antena parabólica" do meu cérebro capta todos os sinais possíveis ao redor. E tudo se mistura com todos aqueles números. É impossível explicar.... mas é aquela sensação que você sente quando está contando e alguém tá falando números ao seu lado, pra te atrapalhar. Só que eternamente.

Você alguma vez já pensou numa maneira de acabar com tudo isso? Já pensou numa situação extrema, por causa dos seus.... esquecimentos? Não? Claro que não. Você não tem "um pouco disso". Porque se tivesse, você ja teria pensado. Acredite. Você não tem um pouco disso. E por favor, pare de tentar me provar que eu também não tenho. 

Ah, você leu tudo aqui e acha que tem mesmo "um pouco disso", porque se identificou com um monte de coisa? Então faz'favor pra mim? Vai num psiquiatra. Aí você chega lá e conta tudo isso. E ele pega e te dá um diagnóstico, dizendo se vc é ou não TDAH. Mas não diga pra mim que você também sente, e deve ter "um pouco dessa doença, porque também esquece as coisas...." Não deseje ter um pouco disso... e respeite. Simplesmente RESPEITE quem tem...

Um comentário:

  1. Bom dia. Respeitando sempre.
    Mas a característica do tdah sao: impulsividade(minha filha tem), hiperatividade(minha filha tem), desatencao(minha filha tem). Mas ela tem boa memoria. Esquece muitas coisas pois a prioridade dela é muita coisa na cabeça, digo,pensamento acelerado. Mesmo assim nunca foi diagnosticada com tdah. Apenas suspeita por alguns médicos. Acho que como mãe tenho que ser determinada e focada nos comportamentos que considero inadequados.Boa sorte para todos.

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